domingo, 20 de novembro de 2011

Fotografias

 
“Fugas #1”
(Central Elétrica do Alto Lindoso, Novembro 2011)
© Miguel Portugal


“Fugas #2”
(Central Elétrica do Alto Lindoso, Novembro 2011)
© Miguel Portugal


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Dar a pensar…

«Durante estas últimas décadas, em que o Estado dirigiu um combate prolongado (mas muito atrasado) pela obrigatoriedade (combate sempre intenso) e pela universalização (combate apenas regular) da educação, só em boa parte alcançado pela forte cooperação das famílias, as expectativas sociais face à escola cresceram desmesuradamente e a tendência que hoje prevalece é a de esperar dela o amparo social para tudo, a almofada para todos os males e impasses e para todas as crises sociais, num transbordamento de mandatos societais (Nóvoa, 2006) que é inquietante, tal é a cegueira que o envolve. António Nóvoa, ao analisar este transbordamento, identificou (…) diversos mandatos para a educação escolar: educação ambiental (mar e florestas), educação para a segurança e a protecção civil, educação para a preservação do património cultural, educação para a saúde e promoção de comportamentos saudáveis, educação alimentar e de hábitos de consumo, educação sexual, educaçºão rodoviária, educação para o combate aos maus-tratos, abusos sexuais e violência doméstica, educação para a cidadania, educação para a promoção de valores, educação física, a que acresce ainda a educação para empreender. E pergunta: “estamos preparados para enfrentar (este conjunto de missões)? Ou é mais fácil enviar tudo para dentro da escola e, depois, culpar quem lá está pelo “desastre da educação”?” (ibidem).

Ou seja, cabe perguntar: a escola foca-se hoje no dito amparo social ou na sua missão de ensinar e de fazer aprender, foca a sua missão em criar ambientes de aprendizagem capazes de promover percursos educativos concretos de qualidade para cada um? Ou foca-se em ambas as missões? E se se foca em ambas, com que especificidade o faz, no conjunto da sociedade, e com que equilíbrio com outras instituições sociais?»

Azevedo, J. (2011). Liberdade e Política Pública de Educação. Ensaio sobre um novo compromisso social pela educação. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, pp. 37-8.

sábado, 5 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O cerco à Grécia aperta.

O PM grego entrincheira-se num referendo. Instrumento democrático por excelência, o referendo é sempre bom quando não há mais solução política, quando os políticos eleitos não são mais capazes de resolver os problemas; assim, coloca-se nas mãos do povo o ónus de resolver os problemas. Mas acontece (é um facto) que, em geral, as populações de alguns países, notavelmente do sul da Europa, (ainda?!) não têm a atitude política e o nível de conhecimentos suficientes para se envolverem numa democracia mais participativa (e menos ainda numa democracia deliberativa) e, por isso, quando são chamados a resolver problemas complexos como os que vivemos neste início de século, tornam a solução num resultado de uma roleta russa. Veja-se, entre nós, como é muito comum ouvirem-se os atores das “novelas informativas” de massas, em que, supostamente, se discutem os problemas políticos essenciais, dizerem coisas como “eu não sou economista…” ou “eu não percebo nada de economia…”, “…mas acho que…”: não se sabe, mas quer-se ter uma influência credível! (Não é preciso ter conhecimentos avançados de lógica, para perceber a contradição.) A ditadura da opinião impera, pois, como se não saber não fosse impeditivo de opinar sobre questões tão fulcrais e sérias.

Há quem diga que a União Europeia sabia do referendo grego e seria uma estratégia para pôr o povo grego, decididamente, na linha… da austeridade, da poupança e de uma vida mais simples e comedida, mais esforçada, para ver se a Grécia sai do caos – se o “sim” à permanência da Grécia na zona Euro ganhasse (com continuação da austeridade), seria uma legitimação importantíssima e uma responsabilização oportuníssima de todo o povo grego perante os esforços coletivos necessários, como último gesto salvífico.

De qualquer modo – quer seja uma iniciativa isolada de Papandreou, quer concertada com a UE – penso que se trata de uma cobardia política: do PM grego, que se refugia na responsabilização de um povo com poucas condições para ser, agora, responsável e da UE, que vai a reboque em mais um sinal de incerteza e indecisão, que tem arrastado todos os europeus, principalmente os que habitam os países menos desenvolvidos e com mais problemas económicos e financeiros, como Portugal, Irlanda e a própria Grécia.

O referendo, se funcionasse (o que não é líquido), até seria uma solução, perfeitamente legítima. Mas o problema não pode esperar mais: quem emprestou, não pode esperar mais; quem investe, não pode esperar mais; as economias dos países mais vulneráveis da Europa não podem esperar mais por crédito finalmente a preços exequíveis. A solução grega (europeia!) terá que passar por um governo novo, de unidade nacional, mas também por alterações essenciais nas estruturas governativas da UE, para garantir mais estabilidade económica e financeira em toda a União, principalmente nestes momentos de crise económica.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pequenos pedaços de cultura académica – de mestre!

No “Repositório” da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro tropecei numa dissertação de mestrado, pequena peça (74 páginas) de excelso trabalho científico, que deveria dar prova de saber pensar e escrever sobre um tema, que, no entanto, muito me desgostou.

O desgosto facilmente se percebe numa rápida análise de alguns atropelos grotescos à gramática da língua lusa e às mais elementares técnicas de investigação, que não resisto a enunciar, a título exemplificativo.

No lugar de dois pontos, para passar a citar, o “mestre” usa uma vírgula: «F. Vieira (1993) faz a seguinte definição, “Supervisão pode definir-se como…»

Desconhece, com toda a certeza, o significado e valor lógico-sintático dos parêntesis: «Segundo (Estrela et al. 2002) os princípios importantes que estão inerentes à prática pedagógica são…» Não, não foi um lapso de escrita, é mesmo estilo próprio: «Segundo (Garmston, Lipton e Kaiser, citado em Oliveira-Formosinho, 2002, p. 24), são apontadas três grandes finalidades à supervisão…»

Ainda nas citações, repare-se na utilização, anómala, dos dois pontos entre o autor e a data de publicação da obra, quando o correto seria uma vírgula e os dois pontos para indicar a página (falha recorrente nesta prova de competência em investigação): «Logo (Alarcão & Tavares: 2003) “, o objectivo da supervisão…» E mais uma prova da ignorância do significado do parêntesis!

E mais este uso, no mínimo abusivo, de parêntesis, que tão facilmente era corrigido com o uso de vírgulas: «…e com um conjunto de competências, nomeadamente, o possuir uma visão aprofundada/discernimento (insight) (permite compreender o significado do que está a acontecer); ter capacidade de previsão (foresight) (importante para ver o que poderá acontecer); ter capacidade de retrovisão (hindsight) (importante para ver o que devia ter acontecido e não aconteceu); possuir uma segunda visão/intuição (second sight) (para saber como conseguir que aconteça o que deveria ter acontecido ou que não aconteça o que realmente aconteceu e não devia ter acontecido).»

E esta sintaxe? «Segundo Stones (1984), este relaciona a supervisão com a visão…»

E isto é aceite como uma dissertação de mestrado por uma instituição universitária! Porquê?! Bem, emendo: não é bem uma dissertação de mestrado; trata-se de um «Relatório Dissertativo (Tese) de mestrado». É diferente!

Mas, afinal, não deixa de ser um «Mestrado do 2º Ciclo em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário»! Haverá agora mestrados do 1.º ciclo? E mestrados do 3.º ciclo – também há?!